quinta-feira, 6 de junho de 2013

O Rodrigo


Estava a tentar não falar aqui deste assunto tão triste. Como se ao não falar, o tempo recuasse e não se concretizasse o que de facto aconteceu ontem: o desaparecimento do Rodrigo. Ao mesmo tempo, parece que ao não falar estou a ignorar o assunto, mas muito longe disso. Passei a noite toda a pensar neste menino, naquela família, naquela mãe. Não penso na dor que estão a sentir porque isso é inimaginável. Nenhuma criança e nenhuma mãe merecem passar pelo que o Rodrigo e mãe passaram, nenhuma. Ninguém. Eu que sou uma crente absoluta na vida, na justiça, não consigo que me entre na cabeça o “não há nada a fazer” ou, como agora “acabou”. A luta foi tanta. Como é que não se conseguiu. A mãe do Rodrigo fez tudo o que podia, movimentou um país inteiro. Todos por aqui sabemos a história. Todos nos emocionámos. Eu sou dadora de medula óssea, mas também eu nada pude fazer para ajudar. E isso dói. Dói mesmo perceber que a vida, por mais que se batalhe, por mais que não se mereça, é mesmo madrasta. E eu estou triste. Mesmo, mesmo triste.

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