segunda-feira, 2 de abril de 2012

Deste dia do livro infantil




Uma das maiores recordações que tenho da minha infância é ver todas as noites o meu pai levar um livro para a cama quando se ia deitar. Lembro-me de me levantar vezes sem conta, quando já deveria estar a dormir, e ver o meu pai a ler com a luz da mesinha de cabeceira acesa. Lembro-me de ficar a olhar e querer ir para ali, também, saber o que estava ali escrito, que histórias eram, o que contavam. Em casa dos meus avós havia livros por todo o lado e muitas eram as vezes em que me sentava em silêncio ao lado do meu avô a vê-lo fazer a revisão de pilhas de folhas que seriam, no futuro, um livro da chancela da Bertrand, onde trabalhava. Lembro-me de muitas colecções que tive e guardo-as todas, em casa dos meus pais, como os emblemáticos livros da “Anita”, recuperados e ainda existentes no mercado. Cresci e não os deitei fora, não os dei. Tenho-os lá e sei que quando as minhas filhas souberem ler vão gostar de mergulhar ali, naquele tesouro. Sempre gostei de ler. Sempre. Sempre gostei de livros. Sempre. E os meus três filhos parecem seguir-me as pisadas. Todas as noites leio para os três. E mesmo a pequenina de um ano e quatro meses fica compenetrada, sentado no meu dos irmãos, a ouvir-me e a ansiar pela apresentação dos bonecos. Pode não perceber a história. Pode nem querer saber a história, mas gosta do ritual. De ficar ali, sossegada a ouvir ler e a poder tocar nos livros. Ontem, quando já os mais novos dormiam peguei eu no livro que estou a acabar e a minha filha mais crescida disse aquilo que eu também dizia aos meus pais: “também queria ler esse livro contigo. Saber o que está aí escrito”. E acho que este testemunho dado pelos pais, este exemplo de ver ler e não apenas dizer que ler é bom e faz bem, pode torná-los pessoas mais interessadas na leitura. Não por ser algo erudito, nunca vi a leitura assim, mas por ser uma coisa que nos possibilita sair da nossa vida, conhecer outras. Aquela velha ideia de viajar sem sair do lugar, conhecer gente que de outra forma nunca saberíamos que tinham existido. Hoje, é Dia do Livro Infantil e deste lado do ecrã não vou peço para comprarem livros aos vosso filhos, mas para os lerem. De certo que há lá em casa um livro à espera de se revelar, hum? Não se gasta dinheiro, acalma os miúdos na hora de dormir e deixa memórias felizes.

Nenhum comentário: