quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Vem aí o “Second Life”. De autor ou comercial?



Tive o privilégio de poder assistir à antestreia do filme português “Second Life” que vai estrear na próxima quinta-feira, dia 29. Numa palavra digo já: gostei. E mais: surpreendeu-me. Não que tivesse à espera de pouco, não que tivesse à espera de mais. Simplesmente, o facto do realizador Alexandre Valente e do próprio Nicolau Breyner, assim como outros actores que integram o elenco e que apresentaram por palavras suas, há uma semana, o filme à comunicação social, terem enfatizado que se trata de um filme comercial levou-me a crer conter uma história mais banal. No fundo, estava mesmo à espera de um filme comercial. Ao jeito, quem sabe de “O Crime do Padre Amaro”. A imprensa especulou muito sobre as cenas de carácter lésbico (ou homossexual, para ser politicamente correcto!) entre Sandra Cóias e Liliana Santos, mas tal como elas dizem, foram cenas preparadas e não chocam de maneira nenhuma. A história é muito interessante e até nos deixa a pensar se realmente, independentemente dos caminhos que escolhermos teremos sempre o mesmo destino... ou não! Quase que o filme tem 4 finais. Cabe-nos a nós decidir em qual acreditar. Está muito bem construído, mostra paisagens entre Portugal e Itália belíssimas e garanto que fiquei cheia de vontade de conhecer a Herdade da Malhadinha, no nosso Alentejo (e aqui fica prometido que quando lá for, aqui vou dar conta!). O filme é falado em inglés, já que a personagem central é um realizador de cinema estrangeiro que não sabe falar português e acaba morto na festa dos seus 40 anos, mas também em português, porque é passado cá, e em italiano, porque há um passado lá e um possível futuro. Do elenco fazem parte nomes tão surpreendentes como Luís Figo, a apresentadora Fátima Lopes ou José Carlos Malato. Qualquer um deles sem qualquer experiência na representação, mas nenhum compromete. Todos eles falam ora português, ora inglés e Cláudia Vieira, a musa e top model italiana, filha de Nicolau Breyner no filme, demonstra um à-vontade em italiano de se aplaudir de pé. O Vida Maravilha recomenda o “Second Life” porque é um filme português bem diferente. Não vai ao encontro de ideias 'baratas' tão associadas ao conceito comercial e que tantas discussões suscita entre os críticos de cinema. Se este é o nosso cinema comercial, pois que venha mais. A mim parece-me um filme charneiro, de anúncio de uma nova vaga “made in” Portugal. E espero, tal como Pêpê Rapazote disse na apresentação, que o público vá ao cinema e não pense se vai ver um filme português, americano ou francês. Aposte apenas nos bons filmes.

Nenhum comentário: